Motivação Através da Ecologia Pessoal e da Meditação

Introdução

Algumas palavras-chave para adentrarmos no universo da motivação são: objetivos, metas, aspirações, superação, mudança, avanço e conquista. Temos que partir do que queremos para procurarmos superar dificuldades em nós e que nos cercam, de modo a podermos atingir nossas metas.

A motivação é exatamente uma força que precisa expressar-se, pois é ela que nos impulsiona a encontrar com os meios através dos quais possamos avançar.

A Professora da FEA/USP, Cecilia Bergamini[1] conceitua motivação como:

“Uma função tipicamente interna a cada pessoa, uma força propulsora que tem suas fontes frequentemente escondidas no interior de cada um e cuja satisfação ou insatisfação fazem parte integrante de sentimentos que são tão somente experimentados dentro de cada pessoa”.

Em geral, esta motivação que pertence a cada um em particular pode ser influenciada por agentes extrínsecos e intrínsecos.

É extrínseca a motivação que nos envolve a partir das interações com as coisas do cotidiano. As necessidades das pessoas com quem convivemos, as opiniões da sociedade sobre boa sorte, as tendências de mercado e as oscilações das condições da natureza do lugar onde vivemos estão entre os mais importantes agentes motivacionais externos.

Nossos poder de criação, autoestima, acúmulo de conhecimentos, capacidade de liderança e visão de mundo são alguns dos principais agentes internos dos quais dispomos para motivarmo-nos.

Aqui se deseja introduzir um método que torna agentes externos e internos fortemente associados uns dos outros. Você verá ser impossível separá-los com nitidez. Sendo assim, queremos mostrar que é preciso selecionar seus agentes externos a partir dos internos.

Além do que, os externos influenciam bastante nosso jeito de expressar os agentes internos. É necessário excluir algumas influências e fortalecer outras e, para tanto, dispomos de instrumentos naturais que nos pertencem.

Trabalhamos neste texto com nossos instrumentos ecológicos e espirituais.

Vamos falar sobre eles, mostrar como funcionam em nossa prática diária e como podemos atuar com o uníssono dos mesmos, de modo a fortalecermos nossa motivação para a vitória.

 

Questão Essencial

Antes de mais nada, pare para pensar em como vem lidando com as pressões rotineiras. Então, analise sua ecologia pessoal. Baseado no resultado desta autoanálise, opte pela prática de meditação que aqui ensinamos. Passe a executá-la diariamente.

Em pouco tempo, terá efeitos bem visíveis para si mesmo. No médio prazo, mudará visivelmente para os outros também. Após um período mais longo de prática, não será mais a mesma pessoa.

Na sequência, vamos explicar melhor cada um dos detalhes deste método. Ele é constituído por:

(a) uma aplicação da ciência Ecologia, a qual vem sendo um dos mais prestigiados ramos da biologia na atualidade, na organização da vida pessoal; e

(b) meditações que já transformaram a vida de milhares de pessoas no mundo todo.

Tudo isto estará à sua disposição para sempre, a partir do momento que entenda como usar as técnicas que serão aqui explicadas. Basta seguir os raciocínios que serão expostos e praticar. Verá como é simples dedicar-se à sua própria motivação.

 

Ecologia Pessoal

Antes de mais nada, é bom recorrermos ao conceito de Ecologia.  Em geral, assume-se que esta é uma parte da ciência que estuda as relações entre os seres vivos e seu meio.

Desta forma, como podemos pensar a ecologia pessoal? Se somos seres vivos também, interagimos com nosso meio o tempo todo. Mas, nosso meio é diferente do meio onde vivem os animais silvestres. Portanto, temos que lidar com a vida de um jeito diferente deles.

Mesmo assim, da mesma maneira que qualquer outra forma de vida, quanto mais nos adaptamos  ao ambiente em que vivemos, mais fortes somos para enfrentar a luta pela sobrevivência. O que isto significa desde o ponto de vista da motivação?

É preciso olhar ao redor de nós mesmos e ver o que temos à disposição e o que não temos. Segundo o que precisamos realizar, quais os recursos que nos vêm com facilidade e quais são difíceis de obter. Dentre os difíceis de obter, quais são essenciais.

Por estes últimos, às vezes vale a pena batalhar. Mas, há outros recursos que não nos vêm com facilidade, dos quais eventualmente podemos achar que precisamos. Estes têm que ser tratados com cuidado, pois nem sempre eles nos são de fato necessários.

Existem outras opções que possam vir a revelar-se como substitutas potenciais do que não conseguimos conquistar. É realmente favorável a lamentação e o desânimo? Ou será melhor mantermos nossa certeza de que conquistaremos o que for preciso na vida?

É claro que uma postura decisiva nos será mais vantajosa. Olhe de novo no meio dos seres silvestres e será fácil notar que um animal que sai caçar assim o fará com determinação. Mas, ele jamais se ocupará em perseguir certas presas, as quais sabe não ser capaz de vencer.

Por outro lado, é possível criar estratégias de grupo e atingir metas que seriam difíceis ou impossíveis para um indivíduo sozinho conquistar.

Leões e outros animais predadores muitas vezes se unem para caçar presas de grande porte (veja o vídeo com link no final do artigo).

É assim que temos que agir também. A princípio, tendo clareza do que nos cabe fazer e quais são nossos limites naturais. Então, conhecendo nosso meio e onde queremos chegar, será possível criar estratégias e, entre elas, existe o poder humano que é conquistado pela união de forças e a habilidade de construção grupal.

Em todos os casos, é preciso que a pessoa saiba fortalecer-se, para nunca esmorecer. Ao invés disto, devemos dominar técnicas de retorno ao nosso eixo central, onde nos resguardar de forças inimigas e crescermos em potencial de ação.

A meditação a seguir nos ajudará a enriquecer nossos universos pessoais.

 

Meditação para o Dia-a-Dia

Deve-se viver para aprender a estar no mundo a partir de tudo o que se experimenta na vida. O Senhor Krishna conta a história de uma pessoa santa que estudou com vinte e quatro mestres espirituais, entre eles: “o céu, a água, o fogo, a lua, o sol, a serpente, a aranha e a vespa. Estudando as atividades deles todos, o avadhuta (este santo) aprende a ciência do ser”[2].

Olhando para o céu podemos aprender que às vezes há nuvens escuras e às vezes há sol. As nuvens podem trazer chuva ou não. Portanto, as nuvens passam e o sol pode aquecer-nos.

Da mesma forma, momentos difíceis podem surgir, mas logo dissipam.

Com a água dos rios aprendemos a fluir, vencendo os obstáculos do caminho. Ela também nos ensina a  penetrar através de pequenas brechas e escoar pelas mesmas. Além do que, a água corrói até mesmo os mais rígidos paredões de rochas.

Devemos saber fazer como ela, fluindo através dos espaços que se abrem para nós; e insistentemente moldando nosso meio, as pessoas com quem vivemos e a vida em si.

O fogo nos mostra como é possível destruir mesmo o que possa parecer duro e concreto. A lua clareia à noite, assim como nossa consciência pode clarear as situações mais difíceis do dia-a-dia. O sol aquece e ilumina; e seus raios são transformados em nutrientes para as cadeias ecológicas.

De modo semelhante, somos propensos a aquecer, iluminar e transformar aqueles a quem nos dedicamos. Ademais, recebemos proteção e nutrição gratuita e contínua do sol, assim como de outros mecanismos da Natureza e de Deus; e precisamos manter-nos gratos sempre.

Animais, como a serpente, a aranha e a vespa, têm muitas lições a oferecer. Eles ensinam cautela, coragem, eficácia e muitas outras virtudes.

O Senhor Krishna, portanto, quer que aprendamos “a partir da observação das coisas ao nosso redor”; e ainda “mostra-nos a ação do tempo, a qual faz com que tudo passe”. Este doce, Supremo Mestre, de Absoluta Consciência, faz-nos compreender que:

“A qualquer momento pode haver a necessidade de transferirmo-nos para outras instâncias da vida, mudando de rumos e tendo que aceitar outros recursos para compor nossas experiências”[3].

Esta é a melhor meditação que podemos estabelecer no cotidiano, de modo a desenvolvermos motivação. É preciso ver tudo o que existe como recurso para nossa aprendizagem, enriquecimento, crescimento profissional ou de outro tipo e avanço espiritual.

Deve-se praticar este ensinamento na vida diária.

 

Avançando na Prática

Ao mesclarmos a ecologia pessoal com a meditação, conquistamos uma fórmula de vida que é perfeita. Entendemos que podemos moldar e ser moldados e aprendemos como fazer isto enquanto vivemos. A vida é quem nos ensina e nos oferece os recursos de que precisamos.

Mas, vale a pena lembrar que:

“Motivação é uma força interna que nos leva a agir, e por ser interna só nós mesmos a podemos sentir[4]”, mesmo que no final de tudo, sejamos motivados pela mistura do que nosso meio interior está dizendo-nos e os agentes extrínsecos nos mostrem. Portanto, ninguém pode motivar-nos se nós mesmos não o fizermos.

Mas, como uma ajuda à sua ciência motivacional, sugerimos um roteiro simples, que em síntese é mais ou menos assim:

  1. Façamos uma autoanálise, verificando o que tem vindo para nós com facilidade e o que está mais difícil de obter e pensemos em estratégias para suprir o que falta;
  2. Ao andarmos nas ruas ou entre paisagens, em casa ou em qualquer lugar, no ambiente de trabalho ou na escola, mantenhamos o espírito de aprendiz – tudo pode ser visto como um mestre que tem algo a nos ensinar;
  3. Tendo clareza do que nos cabe fazer, de quais são nossos limites naturais e conhecendo nosso meio e onde queremos chegar, andemos pelo mundo em busca motivada, aceitando a aprendizagem e sempre prontos a mudar de planos, a fim de melhor adaptarmo-nos às situações; e
  4. Enfim, desenvolvamos a arte de sermos motivados, por termos cultivado capacidade de autoanálise, espírito de aprendiz e adaptabilidade.

Assim procedendo, não nos abriremos mais para sentimentos desistentes, pessimistas e derrotistas. Ao contrário, quando somos ecologicamente bem situados no mundo e meditativos no dia-a-dia, fluímos com o tempo e navegamos no espaço em que estamos localizados.

 

Conclusões

Pensamos dois tipos de motivação, a intrínseca e a extrínseca. Depois vimos que devemos viver nossa ecologia pessoal, fluindo com a vida em ato meditativo.

A meditação que ensinamos fortalece a motivação intrínseca, a qual tem origem de agentes que nos são internos. A ecologia pessoal nos ensina a lidar com a motivação extrínseca. No entanto, mesclando estes dois componentes, a motivação se torna uma só.

Os agentes do mundo e os agentes que nos são internos se articulam; e o roteiro que transferimos para o avanço nesta prática guia quem o usa a fazer tal articulação.

Vivendo cada momento segundo o  que ele nos sugere, assumindo nossas facilidades e dando-nos oportunidade de adaptarmo-nos às circunstâncias, aprendemos a fluir com a experiência. Fluindo com a vida, ultrapassamos qualquer dificuldade com prazer, tornando-nos espontaneamente motivados e naturalmente satisfeitos com o que somos.

Deixamos aqui um vídeo bem interessante, o qual une muito do que tratamos neste texto. Ele mostra o “mestre leão”, ensinando-nos a nos adaptarmos às situações, mesmo que elas sejam as mais áridas. As cenas ilustram tanto como devemos encarar nossa ecologia pessoal quanto o que aquilo que vemos neste mundo pode ensinar-nos.

Percebemos nele que as dificuldades fluem e aprendemos com as mesmas. Momentos melhores vêm e fortalecemo-nos para eles, desde que sejamos motivados para vencer, sempre.

O vídeo é este: https://www.youtube.com/watch?v=PzNKrVaCfX8

 

Referências: 

[1] Bergamini, Cecília W. Características motivacionais nas empresas brasileiras. Revista de Administração de Empresas, 30(4): 41-52, out/dez 1990.

[2] Shri Krishna (com Shri Krishna Madhurya). Mística da Experiência Religiosa-Transcendental. Sétimo Raio – RJ, 2019 (lançamento em breve).

[3] Idem anterior.

[4] Todorov, João C.; Moreira, Márcio B. O conceito de motivação na Psicologia. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva 7(1): 119-132, 2005.

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