Alimentação Natural e Ahimsa (Não Violência)

Por ser vegetariana convicta, já tive contato com muitas pessoas que dizem que gostariam de tornar-se vegetarianas. A maioria infelizmente acaba não conseguindo; e entendo que isto aconteça por falta de argumentos na mente e no coração que gerem convicção.

Na tentativa de ajudar algumas destas almas interessadas em uma dieta que lhes faria bem à saúde e à espiritualidade, escrevi um livro há muitos anos[1].

Este livro falava de direitos dos animais e da inconsequência de certas atitudes que causam sofrimento aos seres não humanos. Ele trazia uma série de argumentos a favor da proteção da vida alheia, mas ainda não era suficiente para convencer sobre a importância do vegetarianismo desde um ponto de vista espiritual.

Então, mais recentemente, trabalhando com a educação humana para uma vida mais pacífica, escrevi uma apostila sobre alimentação natural e ahimsa[2].

Tal apostila foi redigida através da associação de ideias que cultivo com Krishna enquanto Ele me orienta segundo Lógicas profundas. Aqui faço uso de algumas delas, e a partir das mesmas, algo novo aparece.

Este algo certamente terá utilidade para os que já são convictos e também para os que gostariam de aprender a estabelecerem-se em convicção vegetariana.

 

Corpo Físico e Nutrição Espiritual

“Há uma conformação da inteligência humana que a permite se manter saudável e segura mesmo sem precisar consumir alimentos que violentam, causando sofrimento e dor. Aquele que experimenta satisfazer-se através desta forma de se manter propaga vida e difunde amor, vivendo em paz e harmonizando os outros ao seu redor”.

Diz a apostila a que me referi. Sobre a saúde que se mantém já não existem mais dúvidas. Muitas pesquisas acadêmicas vêm comprovando a viabilidade nutricional do vegetarianismo.

Com relação ao sofrimento e à dor, deve-se lembrar que eles “existem como estratégias contra a morte e os ferimentos, pois na natureza, um animal ferido torna-se fragilizado e suscetível a ataques de predadores. E como o decréscimo das probabilidades de sobrevivência não é vantajoso para quem precisa deixar descendentes que garantam a sobrevivência da sua espécie, o medo e a fuga desenvolveram-se como defesa contra a morte e o sofrimento[3].

Sendo assim, a fim de respeitar os outros como gostamos de ser respeitados, há outras maneiras de obter nutrição para o nosso corpo que não exijam haver medo e/ou fuga.

Afinal, “uma célula existe porque há vida espiritual causando a manipulação de combinações de quem mantém ao seu próprio conjunto celular em conformidade ao que a sua essência a faz ser”[4]. A Física Quântica vem trazendo inúmeras demonstrações desta realidade sutil en nós.

Aquilo no que acreditarmos será nossa verdade. Então, meditemos no que está escrito em Alimentação Natural e Não-Violência:

“Por nutrição espiritual que se entenda o conjunto de fatores que eliminam a dependência ao que pode corromper a causa da justiça e da libertação, a qual deve ser estendida a todos os seres viventes que sofrem e sentem dor. A alma humana já pode compreender que não necessita dos nutrientes materiais, porque seu corpo se nutre a partir do que existe no seu mundo interior”.

 

Refinando as Emoções

Tendo dito estas palavras, pensemos um pouco no nosso sistema emocional. Este assunto é tão importante, que a seguir é transcrito o texto na íntegra, o qual compôs uma aula daquele curso, intitulada “Refinamento das emoções para transmutação alimentar”. Ele diz:

Muito do que se come está diretamente associado às emoções, porque as pessoas decidem que precisam de algo, em diferentes momentos, a fim de controlar os sentidos. Os sentidos, enquanto apenas materiais, aliam-se a certas emanações através das quais se pensa estar harmonizado e em perfeita conexão com algum estado de espírito em particular.

Busca-se até mesmo desesperadamente pelo que acalma a mente provisoriamente, porque satisfaz o desejo instintivo de querer sentir algum sabor.

Se não se obtém o que a mente sugere que fará as sensações se mostrarem para quem delas acredita precisar, então, se deixa em estado de melancolia ficar. Sem saber o que de fato os insatisfaz, os que desejam por sabores buscar, assim se mantém atrelados a certos objetos do desejo, para obter os quais insistem em se esforçar.

Custe o que custar, se o sabor agrada a percepção que se mantém como ela está, independente do significado de um tipo de alimento em particular, quem não percebe que pode a tal instintiva busca transmutar, não muda nunca de opinião.

No entanto, há muitas lógicas das quais se deve empregar sempre que se queira à dieta alimentar analisar, para, partindo do que é mais coerente, a novas emoções estabelecer.

 

Destruindo condicionamentos mentais

Um padrão emocional se desenha ao longo do tempo em que se usa de determinados raciocínios e ações, que àquele que deles se fez usuário nem ao menos ocorreu contestar.

O que parece natural e espontâneo, no entanto, nem sempre é adequado e faz bem. Desta forma, faz-se necessário que outros critérios iluminem às compreensões, em torno de tudo o que se refere à questão alimentar.

Uma emoção se transforma em outra sempre que ela se faz, desde que haja o desejo de fazer com que ela se refine, mudando a rota das interações daquele que se emociona com o que existe ao seu redor.

É preciso que o pensar seja sempre embasado no que se intui através da causação do que qualquer hábito de se alimentar pode aos outros seres ocasionar.

Enquanto não há auto persuasão, dificilmente existe verdadeira convicção. Portanto, deve-se se fundamentar a qualquer decisão com as mais coerentes revelações em torno do que convém se modificar.

O que para os outros talvez não possa ainda emocionar, de modo a transmutações não se poder impulsionar, deve ser o alicerce do que se pretende buscar, àquele que decide seriamente às suas escolhas mudar.

Ninguém deve se aprisionar ao que para os demais pode parecer natural, apenas porque já se estabeleceu algum modo de se comportar, que denota ser usual.

Muitos são os condicionamentos que existem a disposição, fazendo parte do conjunto de proposições que estão disponíveis para à mentalidade da sociedade compor. Mas, dentre os mesmos, existem diversos aspectos que precisam definitivamente mudar, para que a vida se estabeleça na paz dos que a vivem por à espiritualidade dedicarem-se.

Nada deve permanecer dentre as definições pessoais de quem se inquieta com sua proposta de ser e estar, caso sinta-se que existem conformações insatisfatórias que merecem se eliminar.

Sendo assim, que se tenha a coragem de enfrentar o que de diferente tiver de haver, desde que o que difere do padrão com o qual já se acostumou venha ao aperfeiçoamento incrementar. 

 

Mente e coração funcionando juntos

As interações da mente com o coração causam inúmeras manifestações corporais, dentre as quais as que farão a pessoa decidir por algum tipo alimentar que lhes pareça agradar.

Desta forma, o raciocínio precisa mudar, sempre que as refeições estejam distantes do ideal para quem pretende se espiritualizar.

Para experimentar o transcendental é preciso à alimentação com origem animal eliminar, pois os modos de produção de tais itens alimentares estão causando inúmeras perturbações à alma dos que são mais diretamente prejudicados por tais hábitos existenciais.

Além do que, mesmo as pessoas que pensam beneficiarem-se das operações que eliminam a oportunidade de viver da alma que à morte experimentou, para que outras possam de seu corpo alimentarem-se, na verdade retêm padrões de carma que benefícios não haverá de causar-lhe.

Sugerem-se novos pensamentos acerca do que se alimentar significa e como se pode a todos os seres viventes agraciar a partir das escolhas que se venha a fazer.

É preciso vencer ao que ainda faz ao corpo desejar aquilo que não lhe será de valor, já que a alma pretende ao Sagrado dedicar-se.

 

Meditações em torno do Pensamento Dietético

Que se façam muitas meditações, quantas sejam necessárias, para que a Luz Maior venha à vida pessoal esclarecer.

Que a mente pare por muitos instantes e focalize em objetos superiores, os quais podem mostrar o que de fato precisa se entender a respeito da alimentação.

Pode-se para tanto usar de inúmeros subterfúgios, dentre os quais a contemplação da Eterna Morada e de sua Luz, onde não existe morte nem dor. Visualizar aos que nela estão, e que se completam através do que alimenta à alma de prazer transcendental, pode certamente ajudar a quem ainda não se decidiu a definitivamente seus modos de se alimentar mudar.

Os sentimentos resultam do que se pretende acreditar e, desta forma, deve-se a qualquer assistência aceitar, desde que seja para o bem estabelecer na vida de quem deseja se transformar.

Quem pensa acerca dos que deseja beneficiar, e isso inclui a si mesmo, certamente desenvolverá emoções que irão se diferenciar das emoções de quem ao mesmo não faz.

São tantos os que preferem manter-se como estão, mesmo que saibam o que não deve permanecer nas suas vidas.

Mas, os poucos que vivenciam o que o amor por todos os seres vivos e pela Terra pode na prática significar, estes realmente precisam ter impulso de às suas buscas por sensações mudar, tornando-as mais favoráveis para o fim que pretendem alcançar.

O amor é tudo e ele se expressa até mesmo na escolha alimentar. Isto precisa estar na consciência de quem enfim se fará mudar porque aos seus sentimentos com relação ao que deve consumir enfim mudou.

 

Últimas Considerações

Sendo assim, o que aqui se aborda compõe outra maneira de alguém relacionar-se com suas próprias ideias sobre alimentação.

Enquanto decidimos acreditar no que a maioria acha que é certo, só porque é a maioria que pensa assim, às vezes deixamos de conhecer outras verdades. Algumas delas são muito mais profundas do que aquilo que acreditamos antes ser verdade.

A questão vegetariana é pura escolha do coração e de uma mente decidida.

Depois de passados os primeiros momentos de mudança, vemos como nosso corpo se reorganiza de maneira natural a esta outra forma de nutrir-se.

Então, os condicionamentos acerca do que parece ser ideal são desestruturados. Em lugar deles, novas ideias e compreensões aparecem a partir da prática da vida. Mudamos nossa maneira de estarmos presentes no planeta, relacionando-nos de um jeito mais amistoso com todos os animais.

Este assunto voltará a ser abordado nos Jardins de Krishna muitas vezes, pois ele é a base de tudo o mais que se queira alcançar a partir da vida espiritual.

Obs.: As gravuras foram obtidas de https://pixabay.com/pt/.

 

Referências

[1]MORAES, Valéria S. O pequeno livro dos horrors (da inconsciência); ou Manifesto pelos Direitos dos Animais (e por uma vida sem crueldade). São Paulo: Partido Verde, 2019.

[2]MADHURYA, S. K. (Valeria Moraes Ornellas). Curso de alimentação natural e não-violência (ahimsa). Rio de Janeiro: Ordem de Zadkiel, 2013.

[3] Idem referência 1.

[4] Idem referência 2.

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