Saúde Vegetariana, Natural e sem Mitos

Vegetarianismo é uma opção alimentar baseada no consumo de vegetais em geral. Mas, existem também vegetarianos que consomem laticínios (os lactovegetarianos) e ovos (ovolactovegetarianos).

Uma alternativa derivada do vegetarianismo estrito é o veganismo, o qual vai além de opção alimentar. Os veganos não usam nada que tenha origem animal no seu dia-a-dia, incluindo cosméticos, roupas e outros itens.

Há também os menos numerosos frutarianos, que alimentam-se apenas de frutos e castanhas; e os crudívoros, que só comem vegetais crús. Além de outras vertentes mais restritivas, como o liquidarianismo e a nutrição prânica.

Estas últimas vertentes ainda estão muito sujeitas à falta de compreensão e aceitação por parte da sociedade. Incluo-as aqui porque a prática de ambas também é vegetariana, embora a nutrição prânica seja mais voltada à restrição completa de alimentos. Seus adeptos às vezes retomam a nutrição por alimentos ou comem pequenas porções diárias, sendo geralmente vegetarianos.

Sabendo que existem variedades de vegetarianismo, como começar a praticar?

 

Vegetarianismo: Como começar

A primeira coisa a saber é que, independente das ideias contrárias ao vegetarianismo que ainda existem, ele já vem sendo foco de estudos da ciência.

Dentro do que se tem estudado, comprovou-se que a motivação das pessoas para serem vegetarianas não é estática[1]. Isto porque é importante que, desde o começo, quem assume esta dieta preocupe-se em ler mais sobre o assunto.

Além de ler, é bom conhecer outros vegetarianos e trocar ideias com quem já pratica há mais tempo. É razoável também procurar observar os malefícios da alimentação baseada em carne para quem consome, para quem é consumido (os animais) e para o planeta.

Pesquisas acadêmicas têm apontado três fatores que são importantes para a manutenção de uma convicção vegetariana: pessoais, sociais e de recursos[2].

Os desejos de defender o bem-estar dos animais, de alcançar um peso corporal saudável e de adquirir habilidades e conhecimento sobre a cozinha vegetariana são fatores pessoais.

Ter amigos vegetarianos, estar envolvido com a questão do vegetarianismo, dos direitos dos animais, de defesa do meio ambiente e/ou receber apoio da família são fatores sociais. A acessibilidade a produtos vegetarianos e a disponibilidade de refeições preparadas pertencem ao terceiro fator.

Sendo assim, caso queira tornar-se vegetariano ou manter-se na dieta, procure por estes fatores. Preenchendo sua vida dos verdadeiros significados do vegetarianismo, terá imenso prazer de viver assim para sempre.


O que comer?

Todo vegetariano algum dia já ouviu a pergunta: “mas, o que você come?” É estranho, porém as pessoas não vegetarianas têm a tendência a esquecer quantos alimentos da sua mesa são vegetais.

O fato é que há uma variedade enorme de raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes comestíveis. Todos os tipos de feijão, arroz, milho (e seus derivados), trigo (e, portanto, bolos, pão, etc) e outros cereais são vegetais. Assim como também a enorme diversidade de recursos disponíveis nas feiras e hortifrutis.

Além destas plantas que já são comumente consumidas, existem ainda as denominadas PANC – plantas alimentícias não convencionais.

Elas são espécies que nascem espontaneamente sem precisar de cultivo e que têm bom potencial para a exploração e o consumo. Plantas como a beldroega, tanchagem, ora-pro-nobis, taioba, dentre outras, têm propriedades nutrientes e são bem saborosas. Informações relevantes sobre o assunto podem ser encontradas em algumas páginas[3].

Além disso, existem também bancos de dados sobre plantas em geral que podem ser utilizadas de alguma maneira pelo consumidor humano[4].

Na verdade, o vegetarianismo é muito saudável e compõe-se de enorme diversidade de opções. Em torno disto, atualmente há grande quantidade de receitas gratuitamente disponíveis na internet[5]; e em muitas cidades, há opções também de restaurantes e de refeições para entrega em casa ou no trabalho.

Além do que, hoje em dia já têm muitas marcas de alimentos vegetarianos, como a Superbom[6] e a Goshen[7], por exemplo. Estas marcas oferecem hamburguer, quibe, presuntos, mortadelas, queijos, dentre outras opções 100% vegetarianas e/ou ovolactovegetarianas.

Inclusive qualquer vegetariano pode atestar que quando mudou para este regime alimentar passou a experimentar de muito mais preparações diferentes do que antes da mudança.

Portanto, asseguro que quem tem vontade de experimentar do vegetarianismo não se arrependerá jamais por falta de variedade do que comer.

 

Princípios éticos

Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos[8], percebeu-se que o altruísmo aumenta a crença nos benefícios da dieta vegetariana, enquanto o tradicionalismo diminui. A crença que o vegetarianismo faz bem para o meio também mostrou-se importante na escolha pela dieta.

Quem acha que os animais não sofrem ou que seu sofrimento não é digno de consideração não pode ser considerado altruísta. Da mesma forma, aquele que desconsidera a questão ambiental terá dificuldade de apreciar o vegetarianismo.

Estas coisas estão todas interligadas; e o tradicionalismo pode ser um atraso para o pensamento. Há alguns anos, organizamos um curso de alimentação natural e ahimsa (não violência). Em um dos trechos do material didático estava escrito:

“Entenda-se que se alimentar de maneira natural é muito mais do que apenas se cuidar, tratando do corpo com atenção e evitando-se a determinado tipo de mal-estar. É também pelo planeta se dedicar e às suas formas de vida, que são todas influenciadas pelo que o ser humano faz.

Se alimentar de maneira natural é ao mundo mostrar o que está na mente e no coração de quem ao amor decide voltar-se, demonstrando através de suas intenções e atitudes o que lhe preenche de emoções e o que traduz o seu pensar[9]”.

Portanto, para haver um vegetarianismo que se fixe na vida é preciso convicção. Por tratar-se de uma opção ainda numericamente pouco expressiva na sociedade, estar convicto dos princípios éticos desta escolha é fundamental.

Quando assumimos tal mudança de hábitos, estamos participando de um movimento mundial de proteção aos animais, ao ser humano e ao planeta.

 

Benefícios

Há muitos benefícios que podem ser obtidos a partir da dieta vegetariana. Conforme havia mencionado acima, não é apenas o ser humano que é beneficiado por ela.

Os animais são protegidos por esta nossa escolha dietética, pois recebem a oportunidade de viverem para a experiência das espécies a que pertencem. Afinal, não precisamos vê-los como alimento, já que dispomos de tantos vegetais para comer.

O planeta é também preservado muito mais através do vegetarianismo, pois a criação de animais para corte é um dos principais empreendimentos responsáveis pelo desmatamento. Sem mencionar a poluição que a indústria da carne causa ao meio.

O ser humano também é beneficiado, pois não há dúvidas que o vegetarianismo faz bem para a saúde. Já está cientificamente comprovado que vegetarianos tem índice de massa corporal mais baixa (são mais magros), menor concentração de colesterol no sangue e taxa de mortalidade por doença coronária também menor do que não vegetarianos[10].

Ademais, para nós que vivemos com prazer o vegetarianismo, sabemos o quão agraciados somos por esta escolha. Esta dieta é mais leve para o organismo e mais pura para o espírito.

Sendo assim, tornamo-nos mais propensos à meditação e à espiritualidade. Quando isto acontece, temos a tendência a superar muito mais facilmente os problemas morais e emocionais humanos.

Desta forma, é inegável que ser vegetariano é um barato!!!

 

Referências

 [1] Ruby, Matthew B. Vegetarianism. 2012. A blossoming field of study. Appetite, 58: 141-150.

[2] Jabs, J.; Devine, C. M.; Sobal, L. 1998. Maintaining vegetarian diets: Personal factors, social networks and environmental resources. Canadian Journal of Dietetic Pratice and Research, 59(4): 183-189.

[3] Veja Matos de Comer. Disponível em http://www.matosdecomer.com.br/. Acesso a 20/12/2018.

[4] Veja Banco de Plantas Notáveis. Disponível em https://www.tudosobreplantas.com.br/. Acesso a 20/12/2018.

[5] Dois exemplos de livros gratuitos de receitas vegetarianas em:

http://aao.org.br/aao/pdfs/receitas/e-book-receitas-vegetarianas(www.tudoparavegetarianos.com.br).pdf; e http://frentedagastronomiamineira.org/livros/receitas-ogras-veganas.pdf;

[6] Visite o site da Superbom, em https://www.superbom.com.br/. Acesso a 20/12/2018.

[7] Visite o site da Goshen, em http://goshen.com.br/. Acesso a 20/12/2018.

[8] Kalof, Linda; Dietz, Thomas; Stern, Paul C.; Guagnano, Gregory A. 1999. Social psychological and structural influences on vegetarian beliefs. Rural Sociology, 64(3): 500-511.

[9] Conceito de alimentação natural. In: Curso sobre Alimentação Natural e Ahimsa (não violência), Templo da Fé Neo-Bhagavata, 2014.

[10] Key, Timothy J.; Davey, Gwyneth K.; Appleby, Paul N. 1999. Health benefits of a vegetarian diet. Proceedings of the Nutrition Society, 58(2): 271-275.

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